Resenha: Ética na Comunicação
- Gabriela Mota
- 18 de nov. de 2015
- 2 min de leitura
Livro escrito e produzido por Clóvis de Barros Filho, em 2003. Clóvis de Barros é Bacharel em Direito e Jornalismo, além de ser Mestre em Ciência Política pela Universidade de Paris. Atualmente é professor de ética na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, e também Pesquisador e Consultor em Ética da UNESCO. Em seu livro Ética na Comunicação, o autor busca analisar o conjunto de regras do que é ser jornalista, e qual o papel da mídia. Além de garantir que para que haja ética na comunicação é preciso que mídia e sociedade estejam ligadas.
O autor inicia sua fala remetendo-se a “objetividade informativa jornalística”, que seria segundo ele uma representação do jornalismo ideal, mas exalta-se a dúvida se este tipo de produção jornalística é realizável. De acordo com Theodore Glasser (1988), “A objetividade é apenas uma visão possível do jornalismo e da imprensa”. Deste modo a compreendemos como alternativa, e não como regra. Hoje, não só profissionais do campo ético, mas também os jornalistas presumem ser inviável e prejudicial à atuação da objetividade na mídia. Barros acentua o termo Cultura do Simulacro, que remete a falsa objetividade dos meios de comunicação, por conta do vasto volume de fatos geradores de notícia. Segundo Wurman (1989) “O número de informações disponíveis duplica a cada cinco anos”. Isto acontece porque os jornais estão a cada vez mais cedendo espaço as matérias opinativas, assim, os editores são capazes de antecipar as reações do público e selecionar a abordagem necessária para cada matéria. O autor utiliza de duas teorias originárias da área comunicacional para compor suas ideias em relação aos efeitos que os meios de comunicação causam a sociedade. A primeira teoria é chamada Agenda Setting, que insinua que a mídia é agente responsável por agendar as conversas de seu público, por meio da seleção e disposição de seu conteúdo, ela define sob quais temas o público discutirá, condenando assim, fatos que julga desnecessário a que a população tenha conhecimento. A segunda teoria da comunicação apresentada diz respeito à Espiral do Silencio, o ponto de partida deste estudo corresponde ao medo que as pessoas tendem a ter do isolamento, por conta de suas opiniões, atitudes e comportamentos, assim, são levadas a evitar expressar-se livremente e propendem a aceitar o que é dito pela maioria da sociedade. Pode-se verificar nas duas teorias a maneira perspicaz e discreta com que a mídia age perante a população, não seria uma forma de manipulação, pois o conteúdo não é marcado de forma direta, mas meios de comunicação como a imprensa e a publicidade, manifestam a sensação de falsa liberdade de escolha e senso crítico ao leitor. À medida que o texto avança é admirável ver a forma como Clóvis de Barros Filho estrutura suas ideias, os objetivos iniciais foram cumpridos e a experiência similar tanto na área comunicacional como em Ética, é visivelmente bem elaborada. Os argumentos são bem elaborados e coerentes, a linguagem é simples e recomendável.
Comments